São pouquíssimos os países que tem ecossistemas tão diversificados quanto o Brasil. As Chapadas são típicas formações geográficas brasileiras que se caracterizam por áreas planas no alto de serras, regiões ricas de rios, cachoeiras, grutas, lagos e vistas de tirar o fôlego. Elas são verdadeiras preciosidades do ecoturismo!
Espalhadas pelos 4 cantos do país, as Chapadas são destinos incríveis para quem quer viajar e se esbaldar com a natureza presente em cada uma delas. No Brasil temos 7 chapadas: Chapada dos Veadeiros (GO), Chapada Diamantina (BA), Chapada dos Guimarães (MT), Chapada dos Parecis (MT), Chapada das Mesas (MA), Chapada do Araripe (CE) e Chapada do Guarani (SP).
Aqui no blog tem post falando sobre diversos lugares para conhecer na Chapada dos Veadeiros e vale a pena conferir! Os 8 municípios que compõem a microrregião da Chapada dos Veadeiros são: Alto Paraíso de Goiás, Campos Belos, Cavalcante, Colinas do Sul, Monte Alegre de Goiás, Nova Roma, São João D’Aliança e Teresina de Goiás. Todos eles com belezas únicas e muitas ainda inexploradas!
Agora, vamos falar sobre a maior das chapadas brasileiras, a Chapada Diamantina.
O território da Chapada Diamantina está localizado na Região Nordeste e é composto por 24 municípios: Abaíra, Andaraí, Barra da Estiva, Boninal, Bonito, Ibicoara, Ibitiara, Iraquara, Itaeté, Jussiape, Lençóis, Marcionílio Souza, Morro do Chapéu, Mucugê, Nova Redenção, Novo Horizonte, Palmeiras, Piatã, Rio de Contas, Seabra, Souto Soares, Tapiramutá, Utinga e Wagner. A região compreende 38.000 km² de área, com altitude máxima de 1.109 metros e cercada de 4 tipos de vegetação: pantanal, mata atlântica, cerrado e caatinga.
O Parque Nacional da Chapada Diamantina ocupa uma área de 1.520 km² no coração do estado da Bahia. Os limites do parque são o Morro do Pai Inácio, em Palmeiras, ao sul, e a Cachoeira do Buracão, ao norte. As 6 cidades que estão dentro o Parque Nacional da Chapada Diamantina são: Andaraí, Lençóis, Mucugê, Palmeiras, Ibicoara e Itaetê. Todas elas, repletas de belezas naturais!
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Optei ir para a Chapada Diamantina de ônibus. Com antecedência, comprei os bilhetes no site das Empresas Real Expresso / Rápido Federal. Decidi fazer viagens noturnas para ganhar tempo e poder me dedicar mais a conhecer a região. Paguei R$107 por trecho (com taxas incluídas) na passagem de um ônibus convencional, semi leito e com ar condicionado. Na ida saí de Salvador às 23:00 e cheguei em Lençóis às 05:00. Na volta saí de Lençóis às 22:30 e cheguei em Salvador às 05:30.

Passei 4 dias inteiros na Chapada Diamantina. Usei como base a cidade de Lençóis, conhecida como a capital da Chapada Diamantina. Lençóis tem cerca de 13.000 habitantes e possui a melhor estrutura para receber os turistas que querem conhecer a região. Vou contar dia a dia como foram os passeios e por quais cidades eu passei.
Contratei a empresa Chapada Adventure Daniel. No pacote, vinha incluído transporte, entrada nos atrativos, guia e alimentação (lanche ou almoço, a depender de onde é o passeio escolhido). Os carros são super novos e os guias e motoristas são ótimos! Gostei da experiência!
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1º dia – Parque Municipal da Muritiba:
Cheguei em Lençóis por volta das 05:00 e fui direto para a pousada descansar. Fiquei hospedada na Pousada Canto no Bosque, que não fica muito afastada do centro, mas o acesso é horrível por causa da estrada de chão, por esse motivo, não recomendo que se hospedem nela. Depois que pavimentarem o acesso, super indico porque a pousada em si, é muito boa. Sobre o transporte, não são todos os taxistas que levam até o bairro da pousada, principalmente se estiver chovendo. Na cidade não tem uber!
Nesse dia, almocei na pousada mesmo, porque tinha passeio marcado para as 13:00. O almoço estava delicioso! O café da manhã está incluído na diária, mas o almoço é pago a parte na hora do check out.

O primeiro passeio na Chapada Diamantina foi para o Parque Municipal da Muritiba, situada no município de Lençóis mesmo, bem pertinho do Centro Histórico, onde encontramos a guia Cinthia e seguimos caminhando até a entrada do parque.

Existem vários atrativos dentro do Parque: Poços do Serrano, Poço Halley, Cachoeira da Primavera, Mirante de Lençóis e Cachoeirinha. Todos com belezas únicas. Vale demais conhecer cada um deles!

A caminhada durante todo o percurso é tranquila. No início da trilha, avistamos logo de cima o Serrano e como podemos observar, parece um lençol estendido sobre as pedras, o que deu nome a cidade de Lençóis.

Mais abaixo, chegamos aos Poços do Serrano, que estavam relativamente secos no período que visitei. Em outras épocas do ano, os poços tem bastante água e o cenário do local muda completamente.



Seguimos para o próximo atrativo dentro do Parque, o Poço Halley, mas no meio do caminho passamos pelo Salão de Areias Coloridas. Um lugar incrível.




Lá também encontramos um dos locais onde foi gravada a novela Pedra sobre Pedra, da Rede Globo.

Finalmente chegamos ao Poço Halley e ele não decepciona. A água tem a mesma coloração dos Poços do Serrano, o que torna o local ainda mais bacana.


O poço leva esse nome porque foi o local que os moradores de Lençóis escolheram para ver a passagem do Cometa Halley em 9 de fevereiro de 1986.


Do Poço Halley já conseguimos avistar o Mirante de Lençóis e é bem nessa parte da trilha que as subidas começam, afinal, os mirante ficam no topo de alguma coisa, nesse caso, no topo de uma pedra. haha

Cerca de meia hora de subida, chegamos na Cachoeira da Primavera. Estava tímida, com pouca água devido a época que fui, mas linda mesmo assim. Nos paredões dessa cachoeira, o pessoal gosta muito de fazer escalada. É bem massa!


Seguindo a trilha, finalmente chegamos ao Mirante de Lençóis. Do mirante avistamos a cidade de Lençóis, o Pantanal Marimbus, ao fundo, e outros tipos de vegetação abaixo. A Chapada Diamantina é cercada por 4 tipos de vegetação: pantanal, mata atlântica, cerrado e caatinga.

Após a bela vista do mirante, finalizamos a trilha na Cachoeirinha, que tem um poço lindo de água cristalina, banhado pelo Rio Serrano. Nesse ponto a cachoeira também possuía pouca água!


Quando terminamos a trilha estava escurecendo. O Centro Histórico que é super conservado, já estava todo iluminado. Coisa mais linda! Eles possuem até uma sede do IPHAN na cidade.


Paramos para comer no Santo Chico – Sushi Bar. Ótima opção para quem gosta de comida japonesa. Quando eu viajo, não fico procurando comidas típicas não, porque geralmente não gosto delas. Por isso procuro o que eu já gosto de comer. hahaha




Esse restaurante não decepcionou, nem tanto que voltei nele outro dia.
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2º dia – Cachoeira da Fumaça e Parque Natural Municipal do Riachinho:
Chegou um dos dias mais esperados por mim, o dia de conhecer uma das maiores cachoeiras do Brasil, a Cachoeira da Fumaça.
O dia amanheceu chuvoso e feio, mas como os atrativos são bem afastados, tinha a esperança de chegar lá e o tempo estar bem melhor do que estava em Lençóis.
O receptivo da Cachoeira da Fumaça, situada no município de Palmeiras, fica a 76 km de Lençóis, mas devido a chuva e alguns pontos com estrada de chão, o percurso levou cerca de 2 horas de viagem. O tempo não melhorou momento algum durante todo o trajeto, muito pelo contrário. O que resultou em viagem perdida!


Infelizmente não conseguimos subir para conhecer a Cachoeira da Fumaça. Além da chuva que deixa tudo mais difícil e perigoso, a visibilidade (neblina) e a possível falta de água por causa da seca, nos desanimaram demais e resolvemos voltar para Lençóis. Não conhecemos nem a Cachoeira da Fumaça e nem o Parque Natural Municipal do Riachinho, que seria o outro atrativo do dia, também situado no município de Palmeiras.


No caminho de volta passamos pelo Morro do Pai Inácio, cartão postal da Chapada Diamantina, completamente encoberto. Juro! Só dava pra ver uma pontinha na lateral.

Chegamos em Lençóis por volta das 13:30, almoçamos e voltamos para a Pousada. Nesse dia eu fiquei muito desanimada e chateada, porque queria muito conhecer a Cachoeira da Fumaça. Infelizmente isso acontece, mas dias melhores viriam e eu não ia perder por esperar. Deus sabe o que faz!
Nesse dia pedimos delivery no restaurante Tomatito Cozinha e a comida estava deliciosa.
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3º dia – Fazenda Pratinha, Gruta da Lapa Doce e Morro do Pai Inácio:
Amanheci mais animada nesse dia, a previsão do tempo estava apenas com tempo nublado e assim foi o dia quase todo. Não choveu hora nenhuma e conseguimos fazer tudo que planejamos.
O primeiro atrativo do dia que conhecemos foi a Fazenda Pratinha, situada no município de Iraquara, que fica a 48 km de Lençóis em um trajeto de 1 hora, também alternando asfalto e estrada de chão.

O local possui diversas atrações: Rio Pratinha, Gruta Pratinha e Gruta Azul (incluídos no pacote), fotos profissionais no rio, tirolesa e flutuação na Gruta da Pratinha (pagos a parte).


A primeira atração que visitamos dentro da Fazenda Pratinha foi a Gruta Pratinha. O lugar é maravilhoso! Difícil de acreditar como eu ainda não tinha conhecido. É lá que acontece a flutuação, que fiz, mas não tenho registros porque minha GoPro simplesmente não registrou! 😦


Após a flutuação e as fotos que fiquei tirando por ali, fui descer de tirolesa. Muito rapidinho o trajeto e finaliza no rio que tem acesso gratuito para quem está na Fazenda Pratinha. A tirolesa é baratinha e vale a pena fazer!




Após a tirolesa fomos almoçar. A refeição self service está incluída no pacote, mas a bebida é paga a parte. Indo para o restaurante da Fazenda Pratinha, avistei o Morro do Pai Inácio com a vista completamente limpa, ou seja, hoje ia dar certo de subir e tirar as fotos em frente ele.

Em seguida fomos conhecer a Gruta Azul, que também fica dentro da Fazenda Pratinha.

A Gruta Azul é subestimada por quem vê de cima. Parece ser escura, sem graça, mas quando você desce a escadaria e chega lá embaixo, é CHOCANTE a cor da água do lago. Eu ainda não sei se aquilo era real mesmo! Tirei fotos em diversos ângulos e ainda não sei qual estava mais linda.


Infelizmente o lago da Gruta Azul é apenas para contemplação, mesmo assim compensa demais conhecer.
Após a Fazenda Pratinha, partimos para a Gruta da Lapa Doce, situada também no município de Iraquara, que fica a cerca de 10 km, mais ou menos 20 minutos de estrada de chão e asfalto.

Chegamos ao receptivo e foi feito um briefing antes de iniciarmos a caminhada até o topo da dolina, que é maravilhosa por sinal.


Logo no início da trilha, já avistamos plantações de palmas, usada como alimento por locais.



A descida para a conhecer a caverna tem uma vegetação diferenciada e lugares lindos!


Chegando a caverna, é assustador o tamanho dela. Dá para ver, comparando o tamanho das pessoas com o dela nessa foto abaixo.


Da boca da caverna, que também é enorme, já conseguimos perceber o quanto é escuro. Esse local só pode ser acessado com guia credenciado e é indispensável o uso de lanternas para iluminar o caminho, mas geralmente a agência contratada providencia todo o equipamento. Aconselho levar uma garrafinha d’água, pois, o trajeto por dentro da caverna dura cerca de 1 hora.

No interior da caverna passamos por lugares surreais. Difícil de acreditar que aquilo ali existia bem embaixo dos nossos pés e que por milhares de anos ficou escondido. É muito incrível!
Você sabia que cada estalactite ou estalagmite demora cerca de 30 anos para crescer 1 centímetro? Já pensou que surreal isso?


No decorrer da trilha por dentro da caverna, os guias vão mostrando formações rochosas que assemelham muitos coisas que temos aqui fora. Confira esse abaixo como lembra um presépio de natal:

Saindo da Gruta da Lapa Doce percorremos aproximadamente 50 km, cerca de 1:20 de estrada de chão e asfalto até chegarmos ao Morro do Pai Inácio, situado no município de Palmeiras. Fomos primeiramente tirar aquela foto clássica em frente a ele, mas pelo amor de Deus, gente! Muito cuidado com essa foto no meio da estrada. Prestem muita atenção nos caminhões e nos carros que passam por ali. Depois das fotos, seguimos para o Morro do Pai Inácio.

Chegamos ao cartão postal da Chapada Diamantina. Deixamos o carro no estacionamento na base dele e seguimos para a trilha.

A subida de 300 metros, fica a 1.120 metros de altitude e é bem tranquila. Dá para fazer em 20 / 30 minutos sem pressa. Dá para ir subindo e admirando a vista de diversos ângulos diferentes. Chegando ao topo do Morro do Pai Inácio a gente chega a arrepiar. Que lugar! Que vista top! Eu fiquei até meio abobada, sem saber para onde olhar primeiro.

O morro tem uma vista de 360º da Chapada Diamantina, o que o torna uma parada obrigatória quando você estiver por lá. As fotos clássicas são assim que você chega, que são com as chapadonas de fundo. Impossível não se sentir em paz em meio ao silêncio, ao vento e ao visual, contornado por imensas formações rochosas.


Do outro lado do morro tem mais paisagens incríveis. O ideal é tirar as fotos clássicas e depois fazer um tour pelo morro buscando ângulos lindos para suas fotos!


Uma foto que não pode faltar de jeito nenhum, é com esse coração formado entre as pedras no piso.

A descida do morro deve acontecer antes de escurecer, portanto, quase não dá tempo de ver o pôr do sol lá e já temos que descer, mas vale a pena cada degrau, cada subida. Amei conhecer esse lugar único!
De volta a Lençóis, passamos novamente no Santo Chico – Sushi Bar, na Rua da Baderna. Sério! A comida é muito gostosa! Dessa vez pedi um poke, porque estava morrendo de vontade. Logo em seguida passamos Bavarois Café, que fica na mesma rua do Santo Chico, para comer um croissant que eu já estava namorando desde o primeiro dia. Ele tinha recheio de frutas vermelhas e cobertura de nutella. Maraaaaavilhoso!


Após a comilança, ainda passamos na Exposição de Carros Antigos que estava acontecendo em Lençóis e depois fomos para a pousada descansar.


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4º dia – Poço Encantado e Poço Azul:
O último dia na Chapada Diamantina começou cedo, porque o caminho seria longo até o Poço Encantado em Itaeté. O trajeto de 140 km, levou cerca de 2 horas, intercalando asfalto e estrada de chão.
No meio do caminho, paramos na Toca do Morcego para esticar as pernas, ir ao banheiro e ver a força das águas na Cachoeira Don’ana logo alí ao lado. É incrível como 2 dias de chuvas fazem bem para a nossa natureza!



Chegamos ao Poço Encantado, situado na cidade de Nova Redenção. No receptivo bem estruturadinho tem restaurante, banheiros e wifi. De lá, já saímos equipados com epi’s para conhecer o Poço Encantado, que fica situado dentro de uma caverna.


Para variar um pouquinho, lá vamos nós descer umas escadas. O ruim é lembrar que depois temos que subir tudo isso de novo. haha
O dia estava chuvoso, mas nesse horário não atrapalhou a luminosidade dentro da caverna. A passagem na entrada é um pouco apertada, mas super tranquila de acessar. Nessa época que fui, não tem o feixe de luz tão famoso, mas não deixa de ser maravilhosa a experiência!


Como é somente para contemplação, o passeio não demora muito não. Mesmo assim, achei super válido e nem preciso dizer o porque né? Basta olhar essas duas fotos aqui embaixo.


Logo após, seguimos para o Poço Azul, também situado na cidade de Nova Redenção, que fica a 88 km, cerca de 1:40 do Poço Encantado. A estrada para esse atrativo é péssima e parece que não chega nuncaaaa, ou será que é porque eu estava com fome? haha
Enfim chegamos! Almoçamos primeiro e só depois que fomos conhecer o Poço Encantado. O almoço é self service e tem uma boa variedade de comida. Lá você pode experimentar duas comidas típicas da região: o godó de banana e o cortado de palma. A bebida é paga a parte.
Após o almoço, nos arrumamos para conhecer o Poço Encantado. Antes de seguir a trilha super fácil até ele, é obrigatório você passar pelo chuveiro de água fria para tirar qualquer resíduo de protetor solar ou repelente que estiver pelo seu corpo. Lá mesmo você já recebe um colete e um óculos de mergulho com snorkel.
Nesse atrativo podemos entrar e fazer a flutuação, mas não podemos tirar o colete salva-vidas em hipótese alguma. Gente, e que lugar viu! Perfeito demais!


Infelizmente as fotos e os vídeos que tirei lá nesse dia, ficaram com a resolução péssima devido a baixa luminosidade. Acho que as fotos não traduzem 1/3 da beleza desse lugar. Minha GoPro também não contribuiu muito, porque as fotos ficaram péssimas.


Enfim, já valeu só por ter conhecido esse lugar único na Chapada Diamantina.
Depois do passeio, pegamos o caminho retornando para Lençóis. Nesse dia mesmo pegaríamos o ônibus de volta para Salvador. Foi o tempo de chegar na pousada, arrumar as malas, tomar banho, jantar, fazer check out e seguir para a Rodoviária de Lençóis. Nosso ônibus saiu de lá às 22:30.
No retorno para Salvador, foi tudo muito corrido. Cheguei na Rodoviária de Salvador por volta das 06:00, depois segui para o aeroporto, afinal de contas, meu voo era as 09:00 e fazia conexão em Congonhas. Cheguei em Brasília as 14:25.
Foi corrido? Foi! Mas valeu demais tudo isso para poder conhecer lugares tão maravilhosos na maior chapada do Brasil.
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